sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Pode ser que isto melhore

Julgo que foi num dia como o de ontem, dividido entre chuva, vento e pequenos rasgos de sol (que falta nos faz o sol para nos aquecer os ânimos...), que tudo aconteceu naquele sonho estranho, de que me lembro num puzzle de fotografias retalhadas, que tento juntar com um esforço demasiado grande para o poder apreciar.
Na realidade tão distante, o pesadelo continua, chuva, vento e pequenos rasgos de sol, coabitam com o medo que se tenta combater por palavras sábias de velhos destemidos e inconsequentes, logo porém condenadas por alguém habituado a dar paulada a torto e principalmente a direito.
Do outro lado da rua um grupo de gente a limpar a agência bancária, vidros, chão, tecto, dobradiças das portas, tapetes sacudidos, dívidas pagas como cada um pode ou não pode. Reverencias à passagem do homem de colarinho branco de nota a cair do bolso, na esperança daquele movimento reverencial soprar a nota na sua direcção.
Na televisão anúncios de alianças e desavenças inesperadas. Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades...
Mas o povo vê e esquece que isto de contar tostões dá muito trabalho e enquanto se tem trabalho lá se vai vivendo, que aquilo lá na empresa já não está como estava... O chefe a falar ao telemóvel, talvez com o banco, com a mão a apoiar a testa que parecia pesar toneladas, olhos vermelhos raiados a contrastar com o tom pálido do seu rosto ao passar por nós, mesmo antes de desmaiar e cair estatelado no chão frio que sempre o apoiou... Demos-lhe água das pedras e açúcar, pode ser que isto melhore...

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