segunda-feira, 30 de novembro de 2009

num muro aqui em baixo

Aqui em baixo da minha casa, estão pintadas num muro as palavras, "Amo-te Helena" e por baixo a preto, "desamo-te! podes morrer à vontade".
Podes morrer à vontade, assim se transforma o amor em desamor, o sim em não, a vida em morte. Vi há dias, uma noticia que dava a conhecer os números dos crimes "sentimentais" em Portugal, demasiados números para tão pouca razão. Dizem que tudo se resolve com amor, que o amor tudo cura, que é a solução para todos os problemas, eu, até concordo com a importância do amor na vida de cada um de nós, realmente não vale a pena viver sem amar, sem sentir que um outro ser, em tudo diferente de nós, nos ama simplesmente, sem porquês pelo meio.
O amor não é eterno, desenganem-se os sonhadores, o amor mesmo que não desapareça, sofre modificações ao longo da vida, resultado das vivências conjuntas e individuais de cada um dos enamorados, o amor, um amor verdadeiro, por muitos abalos que sofra fica connosco até ao fim e, talvez até levemos mais do que um, mas todos contam, todos são importantes e, talvez por isso valha a pena guardar apenas as coisas boas quando ele acaba, mesmo que para nós ainda esteja presente. Vitimas somos todos, desta vida que percorremos, não vale a pena criar outras estupidamente.
Sejam felizes!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Hoje estás tão gira!

Hoje estás tão gira!
E ela a sorrir. Pareceu-me que queria dizer,
Tu também estás tão giro hoje, com essa barba por fazer...
Mas não disse, sorriu e virou costas com um olhar que sugeria que a chamasse de volta. Não o fiz e ela seguiu, desaparecendo ao virar da esquina. E eu ali, parado, hipnotizado. Quem sabe a mulher da minha vida e eu, deixei-a ir, assim, sozinha. Resta-me o consolo de que lhe fiz bem ao ego mas e eu? Como fico eu?
No outro dia a mesma coisa, uma raposa a passar e eu com uma espingarda e fiquei ali, quieto, embasbacado com aquele momento. Só eu e ela e nada se passou entre nós. Ainda por cima devia ser a maldita que me come a criação, porque ainda ontem me morreu outra.
E eu sentado no sofá com a janela virada para o mar aberto no meu peito, ancorado por um pequeno nó que me prendia a esses dias, a esses momentos que, julgava eu, seriam um exemplo para o que de futuro viesse.
E a minha esperança sem sentido a salvar-me mais uma vez, do falhado que eu sou, a convencer-me de que afinal de contas estava mais experiente, mais maduro, mais preparado para o que me viesse a acontecer. Foi quando te vi que percebi que afinal não, que a minha esperança mais não tinha senão um sentido maternal muito próprio e genuíno. Eu ali calado e tu a olhar para mim, parada e quieta. Falaste mas eu não ouvi nada do que disseste. Viraste costas depois de me olhar uma última vez, confusa e desiludida pelas expectativas que talvez tenhas criado naqueles breves instantes. E eu ali, a ver-te partir,
resta-me o Mundo pensei eu e virei costas a sorrir para o mar aberto no meu peito.

sábado, 14 de novembro de 2009

Bom fim-de-semana!



Daqui a algumas horas já vou estar no Pavilhão Atlântico a ver os Depeche Mode a tocar e David Gahan a expressar-se na sua forma unica e incomparável. É um daqueles concertos que falhei já demasiadas vezes e que desta vez finalmente poderei viver e sentir.
Muitas das suas músicas acompanharam toda a minha vida, até chegar onde estou hoje, com 30 anos mas a sentir-me ainda uma criança.
Escrevo todas estas palavras ao som dos Depeche, cerimonialmente ao som de Personal Jesus e de todos os videos ao vivo que vou encontrando no youtube, apetecia-me escrever, mas agora as palavras parecem estar entaladas, talvez seja a ansiedade por hoje à noite que me esteja a desviar a atenção.
Está para ai a chegar o Natal e já se avistam nas ruas, em lojas e em postes de iluminação as decorações festivas e se as árvores substituem agora as vestes naturais por outras, menos amigas do ambiente, eu, nós, que por cá andamos, continuamos iguais, seguindo as nossas vidas de acordo com este horário deprimente que nos impõem ano após ano.Ás 5 e meia da tarde já é noite e é com isto que temos de lidar, eu, que me deito por norma por volta da uma da manhã, passo quase 8 horas das 17 ou 18 em que estou acordado de noite. Em Inglaterra, onde o dia ainda é mais curto, este horário de Inverno começa a ser cada vez mais contestado, tendo sido recentemente apresentados alguns estudos que comprovam, o maior gasto de energia a que este horário nos obriga, mas ao que parece, ninguém está muito preocupado com isso.
Contestações à parte, espera-me um fim-de-semana diferente, concerto dos Depeche, seguido de Lux onde na companhia do Rui Vargas, me esperarão muito boas sonoridades pela noite dentro. Até lá, uma breve limpeza caseira para me entreter e afastar a ansiedade.
Bom fim-de-semana!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Há seres assim

Tenho 79 anos! E ria como uma criança. Limpava as lágrimas enquanto dizia, vim lá de cima com estes sacos! E eu, na caixa para pagar, depois de um final de dia atribulado com uma passagem pela oficina para deixar o carro. Salvara-me o meu amigo Pedro e agora isto.
- Olhe eu sou de 79 veja lá! E ela a rir desalmadamente numa alegria que contagiou as 5 pessoas naquela entrada de supermercado. 
Depois de pagar e de aconchegar os sacos das compras,
Boa noite a todos! E ela a rir, tão baixinha, com os seus cabelos pintados de louro a desejar-me um noite muito feliz.
Obrigado e igualmente e virei costas e fui a rir sozinho pelo caminho.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Apenas te peço isso

Gosto de estar comigo próprio e talvez por isso às vezes não me apeteça estar com ninguém. Gosto das longas conversas e das dissertações constantes em que me perco no prazer de estar comigo. Serei eu o amor da minha vida, serei eu a minha própria alma gémea, porque ninguém me conhece assim, ninguém me diz o que eu digo a mim próprio. Não conto a mais ninguém tudo aquilo que sinto.
Sei que não me julgarás, sei que és parecido comigo, que és meu semelhante, que me percebes apesar das desilusões que te possa causar. Sou mais forte contigo, porque sem ti não sou ninguém, sem ti não vivo sequer. Alma gémea que sou eu, que amores há muitos, mas nem com esses podemos contar, mas tu não, tu nunca me magoarás por vingança, nunca me tentarás magoar em própria defesa. Abres as mãos para mim e ouves o que tenho para te dizer, sei que não me julgarás sem que primeiro te ponhas na minha pele, sei que o farás e por isso gosto de ti, por isso apenas preciso de ti. Tudo o resto são acessórios, uns mais importantes que outros, mas sem eles sobreviveremos juntos. Todos eles nos ajudaram a ser quem somos, a todos eles amamos de forma única e exclusiva, os nossos amigos, tudo sangue da nossa alma que para sempre protegeremos. Pequenas ideias, pequenas jóias da nossa vida que nos ajudam a avançar cada vez mais unidos, também eles bem acompanhados, também eles sozinhos consigo próprios.
Só aqui falo contigo de forma a que os outros escutem também, só aqui nos separamos para dar lugar aos outros que aqui espreitam as palavras que trocamos. É especial este nosso amor não é? Fica comigo e deixa-me apenas quando eu te deixar também, apenas te peço isso.

Pode ser que um dia...

Podes morrer descansada, que desta vida não levas mais nada. Já agarraste tudo e por aqui nada deixaste. Morre por isso à vontade que desta vida nem mais uma ferida.
Um dia seria tão bom que deixasses algo por vontade própria,
um gesto de benevolência sem história,
um presente por desembrulhar,
para onde eu pudesse olhar,
que apenas um pudesse tocar.
Mas não uma velha como tu,
amarga e azeda por quem ninguém faz luto,
não alguém assim, que vive só para si,
sem olhar os outros antes se ver primeiro a si.
Um dia saberás talvez que aqueles que perdeste,
nunca sequer os tiveste,
que aqueles em quem nunca pensavas,
te amassem sem palavras.
Não mereceste em toda a tua vida ninguém,
no entanto tiveste-me a mim também...
Tiveste à tua maneira, sem nunca procurar,
tiveste de mão beijada e deixaste fugir,
quem um pássaro prestes a voar,
não fica para sempre ali a sorrir.
Vai por isso e não voltes mais,
reencarna e pode ser que um dia,
aches outro ser que veja para onde vais,
que te veja  sem saber que afinal não via.