sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril e agora?



Há 35 anos atrás, as ruas de Lisboa estavam cheias de esperança, perfumadas pelo tão leve odor da liberdade sob a pele de centenas de cravos vermelhos. A cor da paixão, sempre se viu nos grandes momentos da humanidade, no sangue, na cor das fardas militares, desta vez na cor de um cravo vermelho que aquela senhor decidiu oferecer a um militar. Hoje a esperança tornou-se uma palavra gasta e desacreditada, sentida apenas de forma egoísta por cada indivíduo que nesta sociedade se vê obrigado a sobreviver.
Poderá haver várias explicações, para nos termos tornado assim, pobres de espírito, cobardes e egoístas, mas de facto nada justifica este conformismo perante a puta da ganância que eternamente nos faz destruir civilizações, demasiado importantes para a própria evolução humana.
Especula-se muito sobre os motivos que levam os jovens a não se interessar pela Política e por consequência a não valorizarem a liberdade, mas ninguém percebe que a responsabilidade é dos próprios políticos e da nossa elite megalómana e gananciosa. Se há 35 anos atrás não se podia dizer o que se pensava de forma livre, hoje pelo contrário tudo é permitido dizer, grupos musicais fazem canções que declaradamente acusam os governantes de serem corruptos, magistrados dizem-se alvo de pressões, procuradores afirmam desconhecer se estão sobre escuta, o 1º Ministro é suspeito de corrupção num caso de licenciamento, mas no entanto tudo permanece na mesma, sem consequências para ninguém, nem para quem acusa e levanta suspeitas, nem para os supostos criminosos. Onde pára a justiça neste País? Onde está a necessária responsabilização dos que infringem a lei? Sabem o que os jovens acham da política?
Acham uma palhaçada e talvez por já terem passado a idade de gostarem de palhaços, mudam de canal sempre que avistam um colarinho branco a falar, partindo do principio que ele está a mentir. Felizmente não tenho de andar diariamente de fato e gravata, é desconfortável e daqui a alguns anos dará mau aspecto andar assim vestido, a fazer lembrar os criminosos de outra época...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O homem do nome artístico

Adoptou um nome artístico, porque o que era ele senão um grande artista? Ao longo do tempo foi aprendendo pequenos truques mágicos, que só ele poderia juntar aleatoriamente de forma a criar mais um acto de ilusionismo puro.
Da infância recordava com especial nostalgia, aquela noite de Santo António, em que depois de ter liderado o grupo de amigos na tradicional ronda de angariação de fundos porta a porta, assumiu o papel de tesoureiro. Muito embora lhe tenha ficado ali recomendado, que não seguisse esse área profissional, anunciou, envergonhado por entre pedidos de desculpa e lágrimas de crocodilo, que tinha perdido parte de tão nobre recolha. Os amigos desculparam-lhe o facto e, no dia a seguir apareceu-lhes a meio da tarde, depois da escola, com o seu novo relógio digital.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O triste presente dos que desprezam o seu próprio valor

Outrora povo orgulhoso e aventureiro, povo pioneiro na inovação e ímpar na coragem, conquistou meio Mundo, agora, 500 anos depois de tão enormes feitos, contentamo-nos com isto...

terça-feira, 14 de abril de 2009

l´Aquila



Talvez por medo, que as palavras com a sua força própria, possam atrair algo que tanto temo, ainda não escrevi sobre o que se passou em Itália.
Solidário com a dor, muito embora saiba que apenas sofrendo na pele se possa verdadeiramente sentir, as consequências desta prova de vida do nosso Planeta, tremo só de pensar, como seria se um sismo idêntico ao que ocorreu em Aquila, ocorresse aqui, em Lisboa.
Analiso com detalhe o tipo de construção que serve de tecto a todos os que me são queridos, bem como respectivos locais de trabalho, para de seguida desejar que eles estejam na rua, numa qualquer praça da cidade, quando tal acontecer.
Um distinto engenheiro, especializado em sismologia, bem como outras personagens ligadas à área, previram há anos, que estava eminente um abalo semelhante ao de 1755, que atingiria Lisboa e toda a região costeira desde o Algarve. Em Itália, também previram a ocorrência de um sismo, mas por falta de evidÊncias nenhuma medida foi tomada, acontecendo o que se pôde verificar depois.
Tal como alguém à beira da morte tem dificuldade em falar sobre esse facto inequívoco da vida, também eu, sinto a mão presa sempre que tento escrever sobre Aquila e sobre a possibilidade da ocorrência de um sismo por cá, que faça tremer os alicerces da nossa própria existência.
Porque a dor que me provocam as imagens que me surgem na mente, sempre que penso nisto, é demasiado grande e, porque não fizemos, não fazemos e não iremos fazer o que deve e pode ser feito, para diminuir as consequências de um abalo assim, abstenho-me de sofrer mais à custa da minha fértil imaginação e, por isso, apenas vos desejo boa sorte, esperando que alguém ma deseje a mim também.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Eu

Julgo que já todos perceberam o porquê da minha estadia aqui. Desconhecem no entanto a sua duração, pelo que suponho, se verão obrigados a deixar de lado certos rituais íntimos a que tão facilmente se entregaram. Bem sei que acham serem donos e senhores da vossa intimidade, mas de facto assim não acontece, pois eu aqui estou e quanto a isso nada podem fazer. Digo-vos até mais do que isto mesmo que acabei de dizer, porque ainda o estarão a processar nas vossas pequenas mentes, eu, apenas sairei pela minha própria vontade e farei tudo aquilo que me possa parecer mais adequado à manutenção do meu bem-estar e da minha boa disposição. Por favor não questionem a minha autoridade moral e ética, de aqui me instalar entre vós, pois se o faço é porque vos escolhi e isso, deverá ser algo de que se deverão sempre orgulhar. Por agora apenas vos informo, que deverão apenas dirigir-me a palavra quando por mim interpelados, pois caso seja do vosso desconhecimento, muitas vezes surgem-me raciocínios que se interrompidos, jamais poderão ser retomados, ficando assim à deriva no universo da minha mente, sofrendo com isso não apenas eu, mas todos nós.

domingo, 5 de abril de 2009

A coragem de poucos



De hoje em diante jamais brincaria com soldadinhos de chumbo, armados até aos dentes, escondidos em locais estratégicos, sempre prontos para infligir mais uma baixa, naquele que de amigo, tinha subitamente passado a inimigo.
Desde que fizera o amigo chorar por aquela vitória, que no fim lhe soube a arrependimento, porque a sabia batoteira, jurara a si próprio, porque no escuro do seu quarto também chorou, que jamais iria querer vencer sem motivo, defendendo no seu orgulho todas as desculpas que pudessem justificar os meios que o levavam a vencer nessas ocasiões.
De agora em diante, iria tentar ser justo. Temia não o conseguir, mas de qualquer forma, tornou pública a sua intenção.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Força meu querido amigo!

Não queria. Mas apenas escrevendo consigo expulsar algum do peso que sinto desde que soube o que te aconteceu. Pode parecer egoísmo, mas acredito que as palavras também se possam transformar em energia positiva que possas sentir a chegar pela janela entreaberta do teu quarto.
Porque a realidade é diferente para cada um de nós, apenas sofri com a noticia do sucedido, umas 15 horas depois de teres sofrido tu meu querido amigo.
Por esta hora imagino-te deitado na cama do hospital, a lutar contra algo que não consegues controlar e,pelo meio fotografias dispersas do teu sorriso a abraçar-me.
A minha força, tento-a transmitir a ti, e porque acredito nas forças ocultas do cérebro, vou continuar a enviá-la repetidamente.
No Sábado talvez te vá visitar, mas na minha cobardia tenho medo do que vou encontrar. Preparo-me para o pior, numa luta constante com o desejo natural de que estejas a sorrir quando eu entrar no teu quarto de hospital.
Uma coisa já decidi, vou parar num café e comprar 2 cervejas para beber contigo, caso não queiras, bebo-as eu de olhos fechados a imaginar aquelas que ainda vamos beber juntos,por entre sorrisos e abraços.
Força Paulinho!