terça-feira, 29 de dezembro de 2009

quem és tu 2010?

Foi tão bom que passou a correr. Parece que foi ontem que entrámos no novo milénio e afinal já se passaram 10 anos. Durante tanto tempo os mais velhos lá me foram avisando, que a vida é para aproveitar porque com o avançar dos anos cada vez passa mais depressa, não é que eu não a tenha aproveitado, mas de facto passou rápido, demasiado rápido. Parece que foi ontem que trocámos os escudos pelos euros e damos por nós à porta de uma nova década que se quer bem vivida. Eu com 30 anos e tu com muitos mais e um futuro em aberto pela frente. Há 10 anos, tinha eu 20 e uma década para percorrer até chegar aos 30, e, confesso que foi boa, muito boa, cheia de pequenos momentos que guardo em retalhos coloridos dentro de mim.  Muitas vezes escrevo aqui neste blog, coisas que porventura apenas eu perceberei, por serem tão minhas, mas hoje não, hoje escrevo para todos os meus amigos, para todos os que amo, para os que perdem tempo a ler-me e para os que nem por isso, no fundo são apenas palavras que ficam guardadas, pensamentos e sentimentos meus que poderei reler mais tarde, lamentando a minha ingenuidade e sorrindo com o que a vida me ofereceu entretanto.
Chego a 2010 feliz, suportado por amizades e amores que povoam de cor e de sabores condimentados o meu pequeno mundo, que tento insistentemente que se mantenha aberto a tantos outros mundos. Sou no fundo como era há 10 anos, mas um pouco mais experiente e maduro, numa aprendizagem contínua dos outros e de mim próprio com eles, mas felizmente não deixo de me sentir uma criança. A vida não é assim tão complicada, somos apenas nós e os outros e agora pelos vistos o ambiente pelo meio a assustar-nos, nada de muito preocupante e mesmo se for, não vale a pena complicar mais, afinal de contas tudo parece acabar por se resolver e por ser mais simples do que aquilo que parecia ao inicio. Talvez seja essa a nossa maior fraqueza, mas as coisas entre nós e o ambiente são simples, travamos uma luta entre a ganância e a razão, a mesma de sempre, sensações voluptuosas contra a tão razoável razão, se não ganharmos é porque não fomos capazes disso e depois se verá o que a natureza nos preparará em jeito de condenação. Convém simplificar as coisas e passar da discussão à acção, esquecer o orgulho e arregaçar as mangas em prol de todos nós, que a natureza, pelo que se diz, tem mão pesada.
Intenções e desejos à parte, porque não é disso que trata este excerto do meu estado de espírito, quero que saibam que tenho gostado muito destes últimos 10 anos com vocês por perto, com vocês a sorrirem ao meu lado, para mim, de mim, de outros, para outros, da vida, para a vida, vivendo e crescendo juntos, por entre esta sociedade tão injusta. Vamos-nos manter bem acordados, dia e noite, tardes e manhãs, para aproveitarmos ao máximo o que nos resta desta vida, unidos, como sempre. Que escolham bem, que arrisquem, que ganhem, que percam, que riam, que chorem, que vivam pura e simplesmente, tentando vencer os medos que são nossos por direito. Que eles sirvam apenas para nos sentirmos vencedores a cada escolha que façamos de livre e espontânea vontade.
Eu, não peço muito mais do que aquilo que tenho tido, no fundo apenas quero continuar a ser feliz.
Não sei o que nos trarão as próximas décadas, nem vale a pena pensarmos nisso agora, 2010 está aí e há-que vivê-lo bem. Obrigado a todos e bom ano, boa década e boa vida! Vamos-nos vendo por aí. ;)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Uma noite de Luz








A chuva caía a cântaros e o frio parecia querer desencorajar qualquer aventura no exterior. Mas sem qualquer dúvida ou temor, por volta das 17 horas iniciei a minha caminhada para o local de culto que todos os 15 dias me faz sair de casa, independentemente da meteorologia ou dos filmes que estejam a dar na televisão. Desta vez, fui de transportes, e pude com calma apreciar o modo eufórico e apaixonado com que milhares iguais a mim se deslocavam... todos com o mesmo objectivo, todos na mesma direcção... no fundo, todos atrás do chamamento da Luz...
Quando saí da estação do metro, nas imediações do estádio, uma chuva diluviana caía do céu. Na rua e sem qualquer hesitação milhares de adeptos movimentavam-se em direcção ao seu destino. Nenhum se queixava, crianças, mulheres, velhos e até um cego que não se importando com as poças de água que lhe iam molhando as calças quase até aos joelhos, continuava a sua caminhada triunfal. De tempos a tempos alguém lançava gritos de incentivo, dizendo "Até os comemos...", ou "hoje nem que chovam calhaus...". E no meio desse povo motivado e encharcado até aos ossos, percebi que realmente a união faz a força, e pressenti que hoje ninguém nos ia parar.
O jogo começa e o meu Benfica começa a carregar sobre o Porto, sem dó nem piedade. Nas bancadas o público grita e exalta-se com cada jogada, com cada finta sobre o adversário, com cada remate à baliza. O Porto vai tentando a todo custo manter a sua baliza inviolável, mas o poder de fogo do Glorioso é arrasador e a meio da primeira parte o Dragão, esse animal das trevas leva uma primeira e única estocada que o deixa por terra. A partir daí apenas teve alguns espasmos, como se fossem tentativas de reagir à morte anunciada, e sobre o olhar de milhares que entoavam cânticos de guerra, o Dragão morreu em pleno inferno...
Ai Benfica, como eu te amo, e quanto bem tu me fazes em dias como este... Uma coisa é certa, amanhã chova o que chover ou faça o frio que fizer, Portugal vai acordar muito mais feliz...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Um domingo diferente

Falta menos de uma semana para o Natal e hoje o meu Benfica recebe esse clube sombrio que vem do Porto.
A Luz contra a sombra num Domingo, depois de um sábado de emoções demasiado agradáveis para que delas vos possa sequer  tecer qualquer comentário. Às vezes as coisas não são tão boas como parecem, enquanto que noutras ocasiões as coisas são melhores do que aquilo que imaginámos e isso, julgo eu, deixa-nos quase sempre confusos.Bom resto de fim-de-semana que hoje, apesar de me apetecer muito escrever, não o faço para minha auto-defesa.
Os meus amigos tenham calma que hoje joga o Benfica!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Fica por aqui



Já não te escrevo nada há algum tempo. Talvez esteja a passar por uma fase de puro egoísmo em que preciso guardar para mim todos os pensamentos e divagações que me assolam a alma, ou talvez seja a insegurança que me aconselha a escrever menos para que assim te poupe a mais uma leitura vã e infrutífera, ou talvez um misto das duas e um pouco de medo de escrever o que não quero que se saiba, afinal de contas, já basta eu sabê-lo. Além disso ambos sabemos que quando escrevo me foge a mão para a verdade e a verdade, essa, nem sempre é aconselhável.
Esquecendo a ignóbil tentativa de explicar a minha ausência a mim próprio, conto-te que traí Lisboa durante estes dias que se passaram, a minha velha, gasta e luminosa como sombria Lisboa. Mas ela era tão gira, tão viva e colorida que não pude resistir-lhe, bastou um sorriso electrónico, uma história contada por terceiros da sua personalidade, um piscar de olho fotográfico captado num dos pináculos da sagrada, para te trocar e querer ser feliz em Barcelona, essa espanhola maquilhada com tendências separatistas. Depressa me passou o fascínio porém e assim que te revi, cá de cima, a certeza consolidou-se numa breve e linda história de amor eterno, como a cada passagem pelo tabuleiro da 25 de Abril. Eu a repartir-te com tantos e tu a aturar estas minhas aventuras mais ou menos breves, mas cada vez mais frequentes. Tu já sabias de Sines e não te importaste, aliás tu roubaste-me a Sines...E eu, rendido a ti, em casa contigo, ou em ti, desde aquela noite em que me perdi nas tuas curvas e acordei com o cheiro da tua testa a perfumar-me o dia. São pequenas coisas, que fazem o que há entre nós, pequenos momentos de poucas falas e de silêncios mágicos. Ninguém diria que fariamos um casal engraçado, sem antes nos terem visto juntos, eu próprio achava que não nos dariamos assim tão bem antes dessa noite de perdição, que desde então se vem repetindo. Não sei porque gostas de mim, mas adoro quando o dizes por entre um som de uma gaivota e uma buzina de um fogareiro mal disposto, piscando-me o olho por entre dois prédios unidos pelo azul do rio que continuas a desprezar. Eu já te disse mil vezes que não o devias tratar assim, qualquer dia perdes o tejo para os espanhóis e aí depois vens chorar no meu ombro à procura de água para me dar de beber. Vai ser um caso perdido. Ele pode voltar é certo, mas não devias virar-lhe as costas assim, é injusto e perigoso, para além de não te beneficar a tez, que como sabes é a tua maior arma de sedução. Não sei porque continuo a perder tempo contigo, devia aceitar-te como és e esquecer os teus defeitos de uma vez por todas, afinal de contas nunca foste capaz de te moldar a mim, fui sempre eu a ter que me submeter aos teus caprichos. Mas não vamos agora falar sobre isso, senão ainda acabamos a deitar à cara um do outro coisas que apenas servem para nos magoar mutuamente. Vamos apenas ficar assim, juntos e em silêncio a ver o Tejo passar aqui da janela da minha casa, enquanto ao ouvido tu dizes que me amas e, eu, sem palavras, beijo-te sem saber o que fiz para te merecer.