segunda-feira, 15 de março de 2010

Isto da Terra

Já cansa esta dúvida que paira sobre nós humanos.
Se os nossos actos passados e presentes, terão ou não influência nas alterações climáticas que verificamos ano após ano, julgo que ninguém saberá. Apenas suspeitas e meias certezas que nos indicam prenúncios nos quais não queremos acreditar, que recusamos lascivamente a cada novo capricho, a cada passeio de carro sem destino, a cada luz por apagar, a cada levantar de ombros resignado. Não, não sou utópico, nem tão pouco quero ser, não quero andar menos de carro, nem tomar banhos mais curtos, mas convém que falemos sobre isto.
Afinal, quantas relações terão acabado com a negação de um, perante os mais ou menos evidentes sinais do outro?
Valerá a pena dedicarmos boa parte dos nossos esforços, no sentido de descobrir os porquês desta aparente alteração da habitual quietude do nosso Planeta. O degelo dos pólos e a consequente subida do nível do mar, que logicamente provoca uma maior pressão sobre o solo, poderá originar sismos e erupções mais frequentes? E que efeito terá tudo isto nas correntes oceânicas e na alteração do clima a que nos habituámos até aqui, que tomámos por garantido, assim, de forma tão sobranceira?
Felizmente, mesmo que a conta gotas, assistimos a um cada vez maior desenvolvimento de novas energias e de novas esperanças, que poderão salvar um casamento, que até aqui, imaginávamos harmonioso. Não sei se teremos ouvido com atenção o outro lado da barricada, que as bombas a pouco e pouco afastaram e que nos desabituámos de respeitar, pensando que à falta de queixas, tudo estaria bem. Durante séculos, talvez milénios, sempre atentos e respeitadores de cada sinal, de cada palavra, de cada gesto que a pouco e pouco, fomos menosprezando, confundindo talvez o eu que nós somos, com o nós que deixámos de merecer. Será tarde de mais, ou tudo não passará de uma pequena crise, não interessa, talvez não passe mesmo de um destino já traçado, que nos impede de continuarmos o que começámos sem nos darmos conta, sobrevivendo até aqui. Mas não vale a pena ser dramático que as coisas não estão para isso, a acabar, acabemos com dignidade. Eu não quero acreditar, gosto demasiado da vida para conseguir viver com essa dúvida permanente, mas, às vezes lá vem ela a tapar-me o sol que me está a saber tão bem e a fazer-me tremer num arrepio de nível 8 na escala de richter.

Sem comentários: