quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Até logo!

Foi bom o nosso reencontro não foi? Dentro de água, num final de tarde de sábado, sem vento, com o sol a por-se nas tuas costas e um pico triangular a quebrar no "pico louco". Já te tinha ido visitar na 5ª feira à noite, mas, admito, prestei mais atenção à companhia do que a ti, afinal estavas demasiado longe, numa maré vazia que nos afastava e um vento frio que me desencorajou a aproximar-me. Fiquei a olhar-te cá de fora, descobrindo-te entre os silêncios das palavras, na espuma branca das ondas, que assinalava a tua presença naquela noite de quarto minguante.
Contigo as mesmas caras de há tantos anos, já não me lembrava que as caras das pessoas ficam diferentes dentro de água com o fato vestido, os sorrisos, esses, são iguais. Lembras-me tanta coisa, a primeira vez, quando me fiz à esquerda do molhe com barbatanas fluorescentes, uma suntalon amarela e uma licra gota d´água tinha eu uns 12 anos, as viagens de bicicleta com o meu amigo João Paulo, de saco ao ombro a caminho da costa do norte e de São Torpes e depois com a minha DT, viagens atribuladas no jeep do cerruti, no seat marbella do Costa, dentes partidos, cara esfolada, tantos sustos, tantos gritos de prazer, sair da água já de noite com os faróis dos carros a iluminar-nos o caminho enquanto vestíamos as roupas velhas que levávamos para a praia. Porque nessa altura não havia vaidades no surf, o importante era chegar e surfar, sem artifícios, sem modas e sem elitismos como hoje há. Afastei-me de ti em parte também por isso, mas isso é outra história, o que interessa afinal somos nós, devia ter percebido isso mais cedo.
Agora, aqui estou eu, impossibilitado de estar contigo durante a semana, dou por mim a imaginar-me dentro de água, a escolher o momento certo para o movimento certo, na nossa imaginação tudo é mais simples eu sei, mas mesmo assim não foi mau o meu regresso pois não?
Não tenciono escrever-te mais, afinal de contas nunca me respondes. Eu sei que já muitas palavras te foram escritas, mas acho que nunca lhes deste muita importância, foste sempre mais de actos do que de palavras e é nisso que vai residir a nossa relação de hoje em diante.
Até logo meu amigo!

2 comentários:

[anna] disse...

mesmo no seu silêncio, de hoje, ontem, intemporal; espraiar-se-iam, na sua escrita imaterial, o som da resposta. ouviste-a?;)

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blackbabdula disse...

Isto eram belos tempos...