segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pode ser que um dia...

Podes morrer descansada, que desta vida não levas mais nada. Já agarraste tudo e por aqui nada deixaste. Morre por isso à vontade que desta vida nem mais uma ferida.
Um dia seria tão bom que deixasses algo por vontade própria,
um gesto de benevolência sem história,
um presente por desembrulhar,
para onde eu pudesse olhar,
que apenas um pudesse tocar.
Mas não uma velha como tu,
amarga e azeda por quem ninguém faz luto,
não alguém assim, que vive só para si,
sem olhar os outros antes se ver primeiro a si.
Um dia saberás talvez que aqueles que perdeste,
nunca sequer os tiveste,
que aqueles em quem nunca pensavas,
te amassem sem palavras.
Não mereceste em toda a tua vida ninguém,
no entanto tiveste-me a mim também...
Tiveste à tua maneira, sem nunca procurar,
tiveste de mão beijada e deixaste fugir,
quem um pássaro prestes a voar,
não fica para sempre ali a sorrir.
Vai por isso e não voltes mais,
reencarna e pode ser que um dia,
aches outro ser que veja para onde vais,
que te veja  sem saber que afinal não via.

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