quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Hoje estás tão gira!

Hoje estás tão gira!
E ela a sorrir. Pareceu-me que queria dizer,
Tu também estás tão giro hoje, com essa barba por fazer...
Mas não disse, sorriu e virou costas com um olhar que sugeria que a chamasse de volta. Não o fiz e ela seguiu, desaparecendo ao virar da esquina. E eu ali, parado, hipnotizado. Quem sabe a mulher da minha vida e eu, deixei-a ir, assim, sozinha. Resta-me o consolo de que lhe fiz bem ao ego mas e eu? Como fico eu?
No outro dia a mesma coisa, uma raposa a passar e eu com uma espingarda e fiquei ali, quieto, embasbacado com aquele momento. Só eu e ela e nada se passou entre nós. Ainda por cima devia ser a maldita que me come a criação, porque ainda ontem me morreu outra.
E eu sentado no sofá com a janela virada para o mar aberto no meu peito, ancorado por um pequeno nó que me prendia a esses dias, a esses momentos que, julgava eu, seriam um exemplo para o que de futuro viesse.
E a minha esperança sem sentido a salvar-me mais uma vez, do falhado que eu sou, a convencer-me de que afinal de contas estava mais experiente, mais maduro, mais preparado para o que me viesse a acontecer. Foi quando te vi que percebi que afinal não, que a minha esperança mais não tinha senão um sentido maternal muito próprio e genuíno. Eu ali calado e tu a olhar para mim, parada e quieta. Falaste mas eu não ouvi nada do que disseste. Viraste costas depois de me olhar uma última vez, confusa e desiludida pelas expectativas que talvez tenhas criado naqueles breves instantes. E eu ali, a ver-te partir,
resta-me o Mundo pensei eu e virei costas a sorrir para o mar aberto no meu peito.

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