terça-feira, 6 de julho de 2010

A morte saiu à rua

No passado Domingo, infelizmente, tive uma notícia que me deixou muito abalado. Sem saber explicar estive muito mal-humorado na noite anterior, e mesmo a noite de sono não me deixou com melhores modos. Pensava eu que era cansaço ou mais uma daqueles momentos em que me apetecia ter o Mundo só para mim, talvez fosse, não sei…

O meu telemóvel tocou duas vezes, e em seguida como não atendi, tocou mais duas o do trabalho, o que sendo Sábado já não a agoirava boa coisa. Ligo de volta e do outro lado uma voz que me é muito querida, dá-me a notícia:

- Morreu o Velho Peniche, e o funeral é hoje às 18 horas.

"Velho Peniche", era deste modo que o tratávamos lá por casa, pois isto de ser mais velho deve ser um orgulho e não um defeito. E neste caso, era realmente sempre com muito carinho que falávamos dele.

Pelo que me contaram já à alguns dias que estava num Hospital em Lisboa, muito debilitado. Nessa altura fiquei muito irritado, como é possível não ter sabido disso? Aqui tão perto de mim e eu não o fui visitar, dar-lhe um pouco de apoio, ou simplesmente cumprimenta-lo… e eu que não o via há tanto tempo…

O Velho Peniche, sem eu saber explicar porquê, sempre foi uma figura muito importante para mim, aliás saber sei, mas é estranho como é que algumas pessoas nos marcam tanto durante a nossa vida. Ele foi sem dúvida uma figura incontornável no meu crescimento, sempre com o seu ar sereno, figura esbelta e bem composta, desde muito novo me habituei a vê-lo à porta da Piscina ou a passar nas ruas de Sines, sempre com uma voz calma e um olhar que nos transmitia uma serenidade e uma noção de cidadania espantosa.

Aí está alguém que partiu cedo demais. Pode haver quem diga que já tinha idade para deixar o nosso mundo, que já tinha feito a sua parte, que já tinha deixado o seu legado, é bem verdade, mas de qualquer modo, algumas pessoas deviam ficar connosco só mais um bocadinho, pois têm ainda muito para nos ensinar e para dar.

Sr. Peniche… não me lembro da última vez que o vi, e muito menos do que falámos, mas tenho a certeza de que será mais uma daquelas pessoas que quando chegar o meu dia, e espero que ainda demore, pois tenho muito para fazer, vai lá estar onde quer que seja para me receber:

- Bem-vindo, não tenhas medo que isto até é bom!

E nessa altura, tal como acontecia sempre que o via, percebo que com calma e paciência tudo é levado a bom porto!

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