quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Gosto muito de ti!

Gosto muito de ti.
E esta frase repetidamente escondida dentro de mim. Talvez pelos olhos tu a sejas capaz de ouvir, mas mais ninguém de certeza. Falemos de mim desta vez, que já chega de falar de ti e dos outros. Já não basta encarnar a pele dos outros e escrever por aí. Falemos de mim que assim talvez consiga ajudar quem eu quero. Desta vez, só desta vez, não vou ser egoísta e vou abrir-me para te fechar da dor que julgas ser pior do que aquilo que ela realmente é.
Disseste-me que ias falar com ele porque uma mulher não devia afastar dois amigos. E eu, que procuro em quase tudo algo mágico, concordei contigo. Falar faz bem quando se tem coragem para dizer tudo, por isso não guardes nada para ti e fala como a pessoa pura que és. Eu não, eu sou tudo menos puro e conheço poucos como tu e também por isso gosto de ti, como te escrevi naquela noite em que senti que precisavas de o saber. Nunca gostei de dar conselhos sem que mos peçam, talvez por achar que apenas nós próprios temos todos os dados que nos permitem resolver o problema que somos nós, mas isso sou eu, que guardo coisas só para mim, que sofro sozinho e tomo por minhas coisas que são de outros também. Tu não és assim que eu sei, tu pedes-me conselhos porque não tens nada a esconder, porque para ti eu posso de alguma forma ajudar-te a entender a merda de sentimentos em que por vezes mergulhamos. Felizmente não os pedes só a mim, felizmente não te faltam amigos como te faltam outras coisas, mas pelos outros não posso falar, apenas por mim e mais ninguém. Quando te disse para guardares para ti aquilo que sentes, disse-o por achar que talvez não fosses capaz de o fazer, por achar que serás sempre como um irmão mais novo que nunca tive e a quem eu tenho de dar orientações, esperando continuar útil a ponto de me obrigares a segurar-te pelos ombros e a rodar-te no caminho certo, que nem eu sei ao certo qual é. Mas é isso mesmo que deves fazer, sofrer para ti e partilhar apenas com aqueles que sabes que gostam de ti, porque as nossas fraquezas já nos dificultam tanto a vida que não vale a pena desconhecidos saberem delas. Comigo sempre resultou tentar guardar apenas as coisas boas e esquecer as más, tentar mostrar que estou bem, mesmo sabendo que todos os meus amigos sentiam o contrário. Talvez contigo não resulte, afinal somos tão diferentes um do outro, tu tão puro e transparente, e eu tão complicado e tão difícil de entender. Talvez nada do que eu diga resulte contigo, como resulta comigo, mas o que te disse é o que sinto, sem nada escondido, sem nada na manga para jogar no fim. Fala com o teu amigo, guarda a dor que possas sentir para quem gosta de ti, continua puro para quem te merece assim e, um dia vais perceber que alguém que te ama, nunca iria permitir que perdesses um amigo por causa dela, porque aí seriam os dois a perder. Ah! E só mais uma coisa,
gosto muito de ti!

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