domingo, 3 de maio de 2009

Mãe,

lembro-me de estares comigo de mão dada, a atravessar a estrada, que tão larga me parecia, a caminho do hospital. Chamaste um táxi porque não parava de me queixar daquelas malditas dores súbitas. Já no consultório, com o médico a analisar-me e eu a chorar de dores, condenando aquele doutor sem escrúpulos a prisão perpétua por me fazer sofrer assim, lá estavas tu, ao meu lado de mão dada.
Sou homem e jamais irei saber como será sentir um amor de mãe, desses que não só nos ampara, como nos quer impedir de balouçar por ai à deriva, posso apenas analisar o teu comportamento e tentar perceber, a muito esforço o que é um sentimento assim, natural como o teu, mas de facto, admito que nunca irei perceber por completo.
A caminho de Setúbal, a sentir-me a sufocar, com aquela maldita tampa de plástico entalada na garganta, lá estavas tu, ai estávamos todos aliás, mas tu sempre, a proteger-me, a mim filho mimado, por te sentir sempre presente.
És a minha mãe, parte do meu próprio ser, parte de tudo aquilo que eu sou e do que virei a ser e, talvez por isso me sinta descansado, consciente de que me irás sempre apoiar sempre que for ou não preciso e eu, que preciso de me sentir independente, por vezes vou queixar-me de tanta atenção, mas no fundo sabes, tal como eu sei, que vivemos um amor impossível de acabar.

1 comentário:

[anna] disse...

que delícia de declaração, Bruno!!!!
Mãe, é mãe. Ponto.
Beiijnho
Ana